terça-feira, 4 de novembro de 2014

O TRABALHO NAS CIVILIZAÇÕES ASIÁTICAS


Modo de Produção Asiático


Modo de Produção Asiático é uma hipótese teórica destinada a compreender o processo da passagem das sociedades sem classes (primitivas) para as sociedades de classes.

O Modo de produção Asiático aplica-se às sociedades que, a partir do momento em que começam a produzir excedentes, passam a ser dominadas por uma comunidade superior, isto é, aquela que vai mandar, que vai ser a classe administradora e dirigente.

Assim, o Modo de produção Asiático, que resulta do avanço das forças produtivas, promove a ruptura das relações comunitárias fundamentais, permitindo o domínio de uma unidade produtiva sobre as demais quando a agricultura se desenvolve a ponto de constituir excedentes regulares, que geram desigualdades na distribuição e na redistribuição.

 

As aldeias


O Modo de produção Asiático desenvolve-se com base nas comunidades aldeãs, que exercem as funções produtivas nas terras pertencentes ao Estado. Nessas terras, publicas, a sua exploração é uma concessão do Estado.

A comunidade aldeã age na unidade produtiva correspondente através do indivíduo, que recebe as terras com direito de exploração, mas como o dever de repartir o produto com o Estado, sob a forma de impostos in natura.

A exploração do trabalhador via comunidade inferior é realizada sob a forma de trabalho compulsório, o que permite à comunidade superior apropriar-se do excedente de produção e do excedente do trabalho para a consecução das obras públicas, principalmente as hidráulicas (dessecação e irrigação) e nas grandes construções (templos e palácios).

A organização política no Modo de Produção Asiático


No Modo de Produção Asiático, dois grandes símbolos representam o poder centralizado: o palácio e o templo, dominados por famílias hereditariamente mantidas no poder e encarregadas da administração pública e religiosa. O faraó egípcio, o patesi babilônico, o minos cretense, o wánax aqueu, o lucumon etrusco são os representantes reais (representantes das monarquias) das comunidades superiores (mandantes), seguidos de perto pela aristocracia de poder com funções religiosas e militares (sacerdotes, vizires, entre outros). Tais categorias ocupam o poder de Estado e é em nome dele, proprietário de todas as terras, que desempenham sua função exploradora.

O Regime de Terras


Os tipos essenciais de domínio da terra nas formações asiáticas da Antiguidade são dois:
1) O das terras reais
2) O das terras dos templos
O trabalho nessas terras é fundamentalmente compulsório, com mão-de-obra pouco diversificada, ligada às comunidades aldeãs. Quase sempre, a exploração econômica da terra é realizada em solos aráveis, tendo em vista a produção de cereais.

A dimensão das terras cultiváveis é extremamente variável, na medida em que a distribuição obedece a princípios que não fogem do interesse da produção. Como exemplo disso, podemos citar não só as terras concedidas aos camponeses via comunidade aldeã, como as terras consignadas a funcionários reais, aos soldados, que servem como pagamento de serviços prestados ao Estado. Todas essas concessões são reconhecidas como campos alimentícios e, como tais, produtores de excedentes.

 

O Trabalho Rural


As comunidades aldeãs encontram-se subordinadas diretamente ao poder de autoridades locais, representantes das comunidades superiores. Esses chefes locais – o nomarca, no Egito, o kibri-dagan, na Babilônia, por exemplo – são auxiliados por funcionários reais, que procedem à cobrança de impostos, à distribuição local dos produtos para as necessidades vitais e ao armazenamento dos excedentes apropriados pelo Estado pela redistribuição.

O camponês encarrega-se de todas as atividades da produção agrícola: ara, semeia, limpa, colhe, transporta. Fabrica o vinho, o pão, a cerveja. Caça, pesca e cuida do gado. Encarrega-se do artesanato doméstico, produzindo artigos em madeira e pedra.

O estado das técnicas é ainda rudimentar. O exemplo do camponês babilônico, embora ilustrativo, não é comum. Ele já conhece uma espécie de arado, semeador, robusto, tracionado por dois bois, que exige a participação simultânea de três trabalhadores: um para dirigir os animais, outro para conduzir o timão, e o terceiro para semear a terra.

O Trabalhador Urbano


A vida urbana depende estreitamente da economia rural: as aglomerações urbanas são extensões do campo. O que predomina, no entanto, é a vida aldeã, que não caracteriza verdadeiramente a vida urbana. As aldeias são, quando muito, pequenos povoados destinados à habitação dos camponeses, onde se realizam eventualmente trocas locais ou microrregionais. O artesanato é de caráter absolutamente doméstico, destinado ao consumo local.

As poucas cidades existentes, e aqui o conceito de cidade é discutível, são centros organizados como núcleos da administração real, que se valem dos excedentes da produção comunitária rural destinados ao abastecimento e às trocas para a manutenção do poder e do prestígio da corte. Os palácios e os templos constituem centros de convergência da vida urbana.

O artesanato urbano desenvolve-se em torno desses interesses e reúne trabalhadores diversos, ocupados em atividades ligadas à produção de artigos de couro, de madeira e de pedra, além de pequenas oficinas de metalurgia (ouro, prata e bronze). De acordo com as pecualiaridades históricas de cada formação, desenvolvem-se mais ou menos alguns setores artesanais. Na Mesopotâmia, por exemplo, institucionaliza-se a organização especializada de oficinas espalhadas em ruas ou pequenos bairros ao redor do templo. Aí produz-se a cerâmica decorada, tijolos paras construções e para as muralhas, objetos de metalurgia em ouro e bronze.

 

O Comércio


A prática do comércio é monopólio real. Os comerciantes atuam sob as ordens da comunidade superior. Como não há moedas para o tráfico, adotam-se estalões, de valor restrito às regiões atingidas pelas trocas, mas é o produto in natura que domina as relações de intercâmbio.

Na Mesopotâmia, o comércio tem um importante papel. A cevada e a prata são os padrões monetários empregados; a cevada é usada nas trocas locais; os lingotes de prata, nas trocas realizadas em locais mais distantes.

Entre os egeus (cretenses e aqueus) e os etruscos predomina o comercio marítimo, fundado no sistema de colônias comerciais, espalhadas pelo Mediterrâneo, mar Egeu e adjacências. Os cretenses, por exemplo, estão presentes em Filacopi (Melos), Iálisos (Rodes), Samos, Mileto, Claros. Os etruscos, aliados dos cartagineses, além de sua expansão por regiões da Itália (Lácio, Campânia e vale do Pó), expandem-se também pela Itália do Sul.



Imagem: Google.

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