(Na foto, o desembarque de imigrantes)
A Imigração
O fim da escravidão teve conseqüências e reflexos políticos importantes,
principalmente ao criar a necessidade do desenvolvimento das relações
patrão-empregado, inexistentes durante os 300 anos nos quais o Brasil dependeu
da mão-de-obra escrava. A vinda de imigrantes estrangeiros foi incentivada para
substituir a mão-de-obra perdida com a abolição. Mas era preciso oferecer
condições mais decentes de trabalho para esse novo grupo de pessoas. Isso foi
feito lentamente e apenas depois de os imigrantes se mobilizarem em defesa de
seus direitos. Somente na década de 1930, com a primeira Legislação
Trabalhista, baixada por Getúlio Vargas é que se criou no Brasil a consciência
de que, assim como os patrões, os empregados tinham direitos e obrigações.
A Imigração oficial começou no inicio do século XIX, com a
chegada de suíços e alemães, que se dirigiram às terras dos atuais estados do
Rio de Janeiro, do Espírito Santo e do Rio Grande do Sul, regiões que lembravam
sua terra natal.
Fundadas antes de 1850, essas colônias serviram de modelo
para muitas outras que se baseavam em pequenas propriedades.
Mas o movimento migratório começou a crescer a partir das
décadas de 1870 e 1880, com a expansão cafeeira na região sudeste do país.
As dificuldades econômicas e políticas da Itália, na Segunda
metade do século XIX, facilitaram as imigrações para o Brasil. A elite agrária
brasileira, consciente dos novos rumos que surgiriam após a extensão do tráfico
negreiro em 1850, fez aprovar no mesmo ano a lei de Terras. O acesso às
propriedades não se daria mais por doação do Estado, como acontecera com as
antigas sesmarias, mas somente pela compra. A legalização da posse das terras e
o seu registro passaram a ser obrigatórios e complicados.
A lei de Terras dificultava a aquisição de propriedades por
imigrantes ao estabelecer, por exemplo, que os preços fossem suficientemente
elevados para desestimular estrangeiros e posseiros. A opção deixada ao
imigrante, então era começar a vida como colono nas fazendas de café.
O sistema de parceria
Os primeiros
colonos europeus que chegaram ao país para trabalhar nas fazendas de café
tinham contratos de parceria. Nesse sistema, os colonos cuidavam dos cafezais e
dividiam os lucros ou prejuízos com o dono da propriedade. Viviam em casas
muito simples, recebiam um pequeno terreno para plantações de subsistência e
criação de animais.
A disciplina era muito rígida – as correspondências eram
censuradas e os trabalhadores, proibidos de sair da fazenda, geralmente faziam
compras no armazém da fazenda, endividando-se sempre. Essa situação gerou
revoltas, como a que ocorreu em 1856 na Fazenda Ibicaba, na região de Limeira,
Estado de São Paulo.
As duras condições de
vida fizeram com que muitos imigrantes voltassem à sua terra natal e levaram
alguns governos europeus a desaconselhar a imigração para o Brasil.
O crescimento da Imigração
Em 1871,o governo provincial de São Paulo retomou os
esforços para aumentar a imigração. Em 1856, foi criada a Sociedade Promotora
da Imigração, inaugurou-se a hospedaria de imigrantes, no bairro do Brás, com
acomodação para quatro mil pessoas. Assim, entre 1881 e 1930, entraram no
Brasil cerca de 3, 9 milhões de estrangeiros, a maioria da Europa. Apenas de 1886 a 1915 desembarcaram
aqui 2,8 milhões de estrangeiros.
Além de expandirem a agricultura, os imigrantes aumentaram a
população das grandes cidades, atuando como comerciantes e artesãos e formando
a base dos trabalhadores na industria que nascia.
Os estrangeiros mais numerosos no Brasil foram os italianos,
sendo que a maior parte ficou em São Paulo, trabalhando na lavoura ou nas
industrias, chegando a formar o maior contingente operário. No campo, a
organização de cooperativas agrícolas fortaleceu bastante a produção da pequena
propriedade.
Os alemães também se destacaram nas pequenas propriedades do
Sul do país.
·
Formação da classe
operária no Brasil
Na Segunda metade do século XIX, funcionários da construção
civil, portuários, ferroviários, gráficos e empregados da iluminação
tornaram-se o grupo assalariado mais numeroso do Brasil. Os setores de serviço
e comércio mantiveram-se na liderança até perto de 1920. A industria cresceu
lentamente, o que manteve reduzido o numero de empregados no setor.
No final
do século XIX, a industria ainda exigia poucos trabalhadores qualificados. Para
desenvolver uma mão-de-obra especializada para a produção industrial, foram
surgindo escolas técnicas, como o Liceu de Artes e ofícios de São Paulo,
fundado em 1873, com cursos gratuitos.
As exigências ao operariado não tinham limites:
·
a jornada de trabalho
passava de 12 horas diárias;
·
a convocação noturna
valia para todos;
·
crianças eram empregadas
sem critérios e com salários menores.
A proporção de
imigrantes nas fábrica era muito alta e a influência das idéias socialistas e
anarco-sindicalistas trazidas da Europa contribuíam para a organização de
movimentos em defesa de salários mais altos e melhores condições de trabalho.
As primeiras greves
Apesar de em pequena escala, greves pipocaram pelo país
desde 1889, conseguindo alguns resultados localizados. Em 1912, surgem em todo
o país movimentos de protestos contra a alta do custo de vida e os baixos
salários. No ano seguinte, um comício no Largo do São Francisco, em São Paulo,
reuniu 10 mil pessoas.
A crise operária culminou com uma greve que parou São Paulo
e se alastrou pelo país, em 1917. Cerca de 70 mil trabalhadores cruzaram os
braços em todo o país. O governo reprimiu todas as iniciativas e, até 1922,
fechou 50 organizações operárias, prendeu 657 trabalhadores em greves, deportou
31 líderes e expulsou 128 ativistas do território nacional.
Imagem: Google.
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