domingo, 23 de novembro de 2014

HISTÓRIA DO TRABALHO NO BRASIL


(Na foto, o desembarque de imigrantes)

A Imigração

O fim da escravidão teve conseqüências  e reflexos políticos importantes, principalmente ao criar a necessidade do desenvolvimento das relações patrão-empregado, inexistentes durante os 300 anos nos quais o Brasil dependeu da mão-de-obra escrava. A vinda de imigrantes estrangeiros foi incentivada para substituir a mão-de-obra perdida com a abolição. Mas era preciso oferecer condições mais decentes de trabalho para esse novo grupo de pessoas. Isso foi feito lentamente e apenas depois de os imigrantes se mobilizarem em defesa de seus direitos. Somente na década de 1930, com a primeira Legislação Trabalhista, baixada por Getúlio Vargas é que se criou no Brasil a consciência de que, assim como os patrões, os empregados tinham direitos e obrigações.

A Imigração oficial começou no inicio do século XIX, com a chegada de suíços e alemães, que se dirigiram às terras dos atuais estados do Rio de Janeiro, do Espírito Santo e do Rio Grande do Sul, regiões que lembravam sua terra natal.

Fundadas antes de 1850, essas colônias serviram de modelo para muitas outras que se baseavam em pequenas propriedades.

Mas o movimento migratório começou a crescer a partir das décadas de 1870 e 1880, com a expansão cafeeira na região sudeste do país.

As dificuldades econômicas e políticas da Itália, na Segunda metade do século XIX, facilitaram as imigrações para o Brasil. A elite agrária brasileira, consciente dos novos rumos que surgiriam após a extensão do tráfico negreiro em 1850, fez aprovar no mesmo ano a lei de Terras. O acesso às propriedades não se daria mais por doação do Estado, como acontecera com as antigas sesmarias, mas somente pela compra. A legalização da posse das terras e o seu registro passaram a ser obrigatórios e complicados.

A lei de Terras dificultava a aquisição de propriedades por imigrantes ao estabelecer, por exemplo, que os preços fossem suficientemente elevados para desestimular estrangeiros e posseiros. A opção deixada ao imigrante, então era começar a vida como colono nas fazendas de café.

O sistema de parceria


Os primeiros colonos europeus que chegaram ao país para trabalhar nas fazendas de café tinham contratos de parceria. Nesse sistema, os colonos cuidavam dos cafezais e dividiam os lucros ou prejuízos com o dono da propriedade. Viviam em casas muito simples, recebiam um pequeno terreno para plantações de subsistência e criação de animais.

A disciplina era muito rígida – as correspondências eram censuradas e os trabalhadores, proibidos de sair da fazenda, geralmente faziam compras no armazém da fazenda, endividando-se sempre. Essa situação gerou revoltas, como a que ocorreu em 1856 na Fazenda Ibicaba, na região de Limeira, Estado de São Paulo.

As duras condições de vida fizeram com que muitos imigrantes voltassem à sua terra natal e levaram alguns governos europeus a desaconselhar a imigração para o Brasil.

 

O crescimento da Imigração


Em 1871,o governo provincial de São Paulo retomou os esforços para aumentar a imigração. Em 1856, foi criada a Sociedade Promotora da Imigração, inaugurou-se a hospedaria de imigrantes, no bairro do Brás, com acomodação para quatro mil pessoas. Assim, entre 1881 e 1930, entraram no Brasil cerca de 3, 9 milhões de estrangeiros, a maioria da Europa. Apenas de 1886 a 1915 desembarcaram aqui 2,8 milhões de estrangeiros.

Além de expandirem a agricultura, os imigrantes aumentaram a população das grandes cidades, atuando como comerciantes e artesãos e formando a base dos trabalhadores na industria que nascia.

Os estrangeiros mais numerosos no Brasil foram os italianos, sendo que a maior parte ficou em São Paulo, trabalhando na lavoura ou nas industrias, chegando a formar o maior contingente operário. No campo, a organização de cooperativas agrícolas fortaleceu bastante a produção da pequena propriedade.

Os alemães também se destacaram nas pequenas propriedades do Sul do país.

·        Formação da classe operária no Brasil


Na Segunda metade do século XIX, funcionários da construção civil, portuários, ferroviários, gráficos e empregados da iluminação tornaram-se o grupo assalariado mais numeroso do Brasil. Os setores de serviço e comércio mantiveram-se na liderança até perto de 1920. A industria cresceu lentamente, o que manteve reduzido o numero de empregados no setor.

No final do século XIX, a industria ainda exigia poucos trabalhadores qualificados. Para desenvolver uma mão-de-obra especializada para a produção industrial, foram surgindo escolas técnicas, como o Liceu de Artes e ofícios de São Paulo, fundado em 1873, com cursos gratuitos.

As exigências ao operariado não tinham limites:
·        a jornada de trabalho passava de 12 horas diárias;
·        a convocação noturna valia para todos;
·        crianças eram empregadas sem critérios e com salários menores.

 A proporção de imigrantes nas fábrica era muito alta e a influência das idéias socialistas e anarco-sindicalistas trazidas da Europa contribuíam para a organização de movimentos em defesa de salários mais altos e melhores condições de trabalho.

As primeiras greves

Apesar de em pequena escala, greves pipocaram pelo país desde 1889, conseguindo alguns resultados localizados. Em 1912, surgem em todo o país movimentos de protestos contra a alta do custo de vida e os baixos salários. No ano seguinte, um comício no Largo do São Francisco, em São Paulo, reuniu 10 mil pessoas.

A crise operária culminou com uma greve que parou São Paulo e se alastrou pelo país, em 1917. Cerca de 70 mil trabalhadores cruzaram os braços em todo o país. O governo reprimiu todas as iniciativas e, até 1922, fechou 50 organizações operárias, prendeu 657 trabalhadores em greves, deportou 31 líderes e expulsou 128 ativistas do território nacional.
  

Imagem: Google.

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