terça-feira, 15 de agosto de 2017

DECISÕES SALOMÔNICAS

São decisões justas que fazem lembrar o Rei Salomão, símbolo da justiça perfeita, oriunda de uma sabedoria profunda, inspirada por Deus. Salomão foi Rei de Israel na Antiguidade. Era filho de Davi e Bate Seba, e seu sucessor. Diz a Bíblia que Deus o levou em consideração, pois instado sobre seus desejos, Salomão preferiu simplesmente a Sabedoria por poder governar com justiça seu povo. Governou Israel por 40 anos, de 966 aC a 926 Ac. Organizou o Reino, celebrou grandes tratados, construiu templos, o principal deles o Templo de Jerusalém, também conhecido como Templo de Salomão.

Porém, a sua política social gerou, com pesados impostos gerou descontentamentos e o cisma que ocorreu após a sua morte, isto é a separação das 12 tribos hebraicas em dois reinos, Israel e Judá.

Israel reunia as 10 tribos do Norte e tinha por capital Samaria, e governado pelo fiel escudeiro de Salomão chamado Jeroboão. Já o reino de Judá era formado por duas tribos do Sul, com capital em Jerusalém governado por seu filho Roboão. A divisão favoreceu a invasão estrangeira. O rei babilônico Nabucodonosor, dominou a região levando os hebreus para a Babilônia, período que ficou conhecido, o cativeiro da Babilônia.

Os persas conquistaram o Império Babilônico e permitiram a volta dos hebreus para a palestina. Em seguida a Palestina foi dominada por Alexandre Magno da Macedônia, e depois pelos Romanos que destruíram o templo de Jerusalém, provocando a revolta dos Hebreus. O movimento foi reprimido e os hebreus expulsos da Palestina, provocando sua dispersão pelo mundo, que ficou conhecido como Diáspora.

Há o episódio narrado da Bíblia, quando duas mulheres foram até Salomão para resolver o impasse da definição de quem era a mãe da criança. Salomão mandou cortar a criança ao meio e entregar a cada uma a metade. Uma delas preferiu o filho e entregue a mãe usurpadora. Então Salomão mandou entregar a esta a criança viva, pois a mãe de verdade prefere seu filho vivo. Este episódio ganhou fama e correu o reino, aumentando ainda mais o respeito dos súditos pelo seu rei.

Porém, não é fácil uma decisão salomônica. Requer, antes de tudo maturidade, ter sido experimentado nas dificuldades da vida, como o ferro que passa pelo calor do fogo. Leitura, muita leitura, especialmente dos clássicos da literatura, enfim ter conteúdo humano e humanitário.

Muitas vezes o conhecimento cumulativo, quantitativo, não qualitativo, pode não trazer sabedoria. Nesse sentido, vale mais a experiência de um matuto que contempla o horizonte, percebendo a dança das aves e sabe se vai chover ou não. Chama o filho e lhe ensina essas observações, recomendando-lhe prudência, providências e cuidados.

A sabedoria salomônica é calma, sem pressa, avalia todas as condicionantes de uma decisão que pode ser fundamental para vida presente e futura.

Salomão precisa ser revisitado... Sempre.


Imagem: Google


sexta-feira, 11 de agosto de 2017

O POPULISMO

Antes de considerar o Populismo na atualidade, torna-se necessário um pequeno recuo na História, especialmente da América Latina, o que inclui necessariamente o Brasil.

Já a partir dos anos 20 vão ascendendo ao poder na América Latina líderes carismáticos que procuraram uma aproximação com as massas populacionais mais pobres, oferecendo-lhes vários tipos de assistências, com discursos inflamados de esperanças e redenção, principalmente econômica.

O populismo, então, vai se caracterizando por uma cooptação das massas populares aos projetos pessoais dos caudilhos, ditadores e líderes carismáticos.  Esse momento coincide com a expansão do rádio, o que facilita a comunicação. Todo mundo procurar adquirir o seu rádio de pilha ou movido à bateria, justamente para ouvir as notícias das cidades e os discursos dos políticos. Portanto, o Populismo dispensa os intermediários, pois a comunicação se faz no corpo a corpo, no contato direto.

Sim, o Populismo dispensa também instituições e organizações políticas, como partidos e sindicatos, que vêm essa estratégia com maus olhos, não havendo, portanto, compromisso do Populismo com a Esquerda ou com a Direita. Não há uma ideologia específica no Populismo, a não ser mesmo o apoio quase incondicional das massas populares aos seus líderes.

Getúlio Vargas no Brasil, Juan Domingos Perón na Argentina e Lázaro Cárdenas no México, são exemplos eloquentes de ação Populista. Este movimento perdurou até os inicios da década de 1970, mas suas raízes permanecem até hoje, atraindo e enfeitiçando os políticos.

O Populismo hoje tanto pode ser velado e quase imperceptível ou escancarado nas falas e ações dos políticos de hoje.

As ações governamentais de ajuda às massas populares, com programas assistências a custo do erário púbico são Populistas e visam projetos de permanência ou retorno ao poder de líderes ou grupos políticos.

Perceber esses movimentos, antes de adquirir um certo asco em relação à política e aos políticos, requer maturidade e conhecimento. Uma ação Populista que custa as massas populares compreenderem é a falência da educação. Um povo deseducado não vai cobrar os políticos de suas promessas e desacreditá-los nas urnas. É uma ação populista imperceptível.
Todos se enojam com os discursos, com as falas dos parlamentares aos microfones quando acontecem as votações transmitidas ao vivo. Populismo puro e latente.

A política, como ciência do bem comum vai muito além disso. Vai muito além das ideologias baratas dos Partidos de ocasião. Vai muito além do discurso vazio.



Imagem: Google

terça-feira, 8 de agosto de 2017

DAR TESTEMUNHOS


Quando falamos em dar testemunhos, logo vem à mente os testemunhos religiosos, os prodígios que Deus opera em nossa vida. E isso é verdade. Os milagres são muitos, incontáveis, principalmente os pequenos milagres, em contraposição aos grandes milagres que a gente sempre espera.

Sim, porque a espera de um grande milagre sempre torna imperceptíveis os pequenos milagres, como o dom da vida, o dom do amanhecer, o dom da alegria, o dom de uma nova amizade, o dom o ombro amigo.

Dar testemunhos é manifestar essa alegria de ver acontecendo os milagres em nossa vida. Agradecer sempre, jamais lamentar.

Não estamos considerando os milagres fáceis que algumas religiões insistem em divulgar.

Mas, a expressão “dar testemunhos” tem um alcance muito maior, pois perpassa todos os sentidos da vida. É lógico que os testemunhos ficam mais evidentes a partir de evidências, de conversões, as quais não necessariamente necessitem ser religiosas.

As causas sociais convidam á conversão, pois o sofrimento humano é um poderoso elemento de atração das pessoas. Quantas pessoas que anonimamente aderiram às causas sociais, ingressando em ONGs, ou mesmo fundando uma, apenas porque foram tocadas pelo sofrimento humano. E se transformam em heróis, em referências na sociedade.

Há outras tantas conversões: É possível a conversão a um partido político, a partir do entendimento de sua ideologia e de seu projeto para a construção do bem comum, que é a essência da Democracia.

É possível a conversão a uma corrente filosófica e batalhar para que tal corrente seja mesmo um alento para que o ser humano compreenda a si mesmo e aos outros e assim seja possível a construção da paz social.

É possível a conversão à história, como mestra da vida, uma vez que o passado sempre pode desconstruir e reconstruir o presente e o futuro.

São tantas as conversões na trajetória da vida. Mas o grande lance das conversões são os testemunhos silenciosos, apenas com os exemplos práticos de uma mudança de vida, de uma entrega total e irrestrita ao novo modus vivendi. Os testemunhos silenciosos, ainda que imperceptíveis no início, são mais eloquentes. Os testemunhos barulhentos se assemelham aos fogos de artifício: morrem no mesmo instante. Ou chuva de verão, passa ligeira.

Os testemunhos silenciosos, como os exemplos de vida, são fundamentais para a construção de pessoas. Basta de maus exemplos.



Imagem: Google