domingo, 9 de novembro de 2014

O TRABALHO NA IDADE MÉDIA


A Idade Média, período da História da Humanidade compreendido entre os séculos V e XV, Foi dividido em Alta Idade Média, entre os Séculos V e XV em que predominou o Feudalismo e  sua forma de trabalho baseado na servidão, e Baixa Idade Média entre os séculos XII e XV, marcado pelos renascimentos Comercial e Urbano, e no mundo do trabalho as Corporações de Ofício.

 

FEUDALISMO

 

O Feudalismo foi o traço mais marcante da Alta Idade Média no mundo ocidental. No sentido mais estrito significava os laços de trabalho e de relações as quais interligavam os membros dos estamentos militares e proprietários de terras.

 

Politicamente considerado, o Feudalismo caracterizou-se pela falta de um governo central forte. A ordem política era mantida por uma série de relações contratuais entre os homens, contrato esse baseado na posse de terras. Não havia separação entre a autoridade pública e a propriedade privada ou entre os governantes e proprietários. A sociedade feudal seguia a pirâmide social e todo homem, desde que não possuísse terras era vassalo de outro homem. A pirâmide era composta de classes sociais dominantes, ou seja, a aristocracia militar e religiosa ( possuidora de terras ) sustentavam-se da massa de camponeses servis que estavam fora do sistema contratual.

 

O modo de produção feudal é caracterizado essencialmente pela existência das relações servis de produção, isto é, obrigações impostas ao servo para que ele produzisse um excedente econômico para seu senhor.

 

Para melhor compreender o significado de relações servis de produção é preciso notar que o modo de produção feudal estava baseado numa economia agrária, voltada para a subsistência. A Europa ocidental estava dividida em grandes latifúndios - os Feudos -, cujas terras eram repartidas da seguinte maneira:

·     A reserva do senhor ( manso senhorial ), correspondente a terça parte ou a quarta parte das terras, cultivada pelos servos, que ali trabalhavam alguns dias da semana no cumprimento da corvéia, e cuja produção era destinada ao senhor e sua família;

·     O manso servil, terras que eram divididas em lotes  entre os camponeses. Cada família cultivada seu lote, tirando dali a subsistência e necessário para pagar todas as obrigações devidas ao senhor;

·     O manso de reserva ou terras comunais, composto pelos bosques, pastagens, pradarias, terrenos baldios, utilizado, tanto pelos senhores como pelos camponeses;

·     O castelo fortificado do senhor feudal, que constituía o burgo.

 

Os camponeses estavam ligados à terra, por isso eram servos. Ocupavam e cultivavam a terra sem ser proprietários, mas possuíam outros meios de produção essenciais ao trabalho agrícola, como enxadas, arados, animais, etc.. Assim, como não tinham a propriedade da terra, viam-se sujeitos ao pagamento de uma série de obrigações ao senhores que sentiam-se no direito de cobrar as taxas por serem proprietários da terra e por possuírem o poder político, o poder das armas e o poder de justiça.

 

Os camponeses produziam centeio, trigo, cevada, etc. e cuidavam das oliveiras e das vinhas. A técnica de produção era rudimentar, os instrumentos inadequados, e a produção relativamente pequena. O fantasma da fome geralmente rondava as choupanas dos trabalhadores. Usava-se o sistema da rotatividade de plantio a cada dois anos, reservando-se terras para a produção de cereais e forragem.

 

No Feudalismo a ascensão social era quase impossível, como quase impossível era o trabalhador melhorar sua vida. A posição do indivíduo na hierarquia social era determinada pela posse da  terra. Ou se possuía terra ou não se era ninguém. O servo estava preso à terra e ao feudo. O vilão tinha liberdade de ir e vir. Mas como não tinham para onde ir, muitos preferiam integrar-se como servos. Muitos escravos foram conduzidos à servidão, mão-de-obra mais adequada ao modo de produção feudal.

 

A sociedade feudal era compartimentada em Estamentos Sociais. O que determinava a colocação em um estamento privilegiado, superior, era principalmente a posse de terras. Esse tipo de hierarquia social praticamente não admitia ascensão social. Quem nascesse servo seria sempre servo, seus filhos, seus netos também.

 

As Corporações de Ofício

 

Mas, no período de transição da Alta para a Baixa Idade Média, a  sociedade e a economia medievais que eram estáticas iam aos poucos sendo substituídas por outras mais dinâmicas. Chegara ao fim a atitude de imobilismo e conformismo, típicos do feudalismo. Com as disputas pelo domínio das riquezas, pelos mercados mundiais e  pelo posicionamento social alastrou-se  o espírito competitivo. A nova sociedade seria daqueles que fossem mais capazes de dominá-la.

 

Com o desenvolvimento do capitalismo surgiu a Sociedade de Classes, baseada e hierarquizada de acordo com a quantidade de bens que o indivíduo possuía, possibilitando ascensão e mobilidade sociais.

 

Os centros urbanos contrapunham-se à sociedade rural do feudalismo. As populações do campo eram atraídas para as vilas, comunas e burgos que, aliás continuavam instaladas em áreas pertencentes aos feudos, submetendo-se a autoridade dos senhores, sendo os burgueses obrigados a pagar pesados impostos.

 

Entretanto, com o crescimento das atividades comerciais e a ascensão da burguesia, essas cidades passaram a buscar sua independência. Essa busca estendeu-se de meados do século XV ao Século XIII e ficou conhecida pelo nome de movimento comunal.

 

E as cidades que se emancipavam da tutela feudal procuravam assegurar suas conquistas por meio das cartas de franquia, documento através do qual se formalizavam as conquistas da burguesia: direitos em proveito da própria cidade, liberando-se dos tributos aos senhores feudais; direito de organizar sua própria milícia e manter autonomia administrativa e judiciária.

 

Quanto ao trabalho, percebeu-se que nessas cidades emancipadas as corporações e as associações de mercadores formavam a principal organização econômica. E com o seu desenvolvimento, a especialização artesanal foi levada ao extremo. Cada ofício (ferreiro, alfaiate, cordoeiro, etc.) tinha sua corporação. As oficinas artesanais de uma mesma cidade e de um mesmo ramo de produção agrupavam-se em associações chamadas corporações de ofício, cuja finalidade principal era evitar a concorrência entre os artesãos, tanto locais como de outras cidades, e adequar a produção ao consumo local.

 

As corporações fixavam os preços dos produtos, controlavam a qualidade das mercadorias, a quantidade de matéria-prima e fixavam os salários dos oficiais ou jornaleiros (trabalhadores que recebiam o jornal, isto é, salário por um dia de trabalho), Além do mais, funcionavam como confraria religiosa e davam amparo a seus membros, em caso de necessidade. Tudo era rigorosamente controlado por elas, inclusive o funcionamento interno das oficinas, onde estabeleciam uma rígida hierarquia social:

·  mestre, que era o dono da oficina:

·   jornaleiro, que era assalariado, e

·        O aprendiz, que em troca de casa e comida, aprendia o ofício.

 

Qualquer nova oficina só poderia ser aberta com a autorização da corporação, e se o jornaleiro, após longos anos de aprendizado, quisesse ser mestre, deveria prestar um exame na corporação. Caso fosse aprovado, poderia então abrir uma nova oficina.

 

Os comerciantes de cada cidade medieval também procuraram evitar a concorrência entre eles e a concorrência de mercadores de outras cidades e fundaram as associações de mercadores, que na Itália se chamavam guildas. Ao norte da Europa, essas associações eram conhecidas como hansas, comunidades de mercadores alemães. A liga hanseática, que era uma hansa de cidades mercantis, apareceu em meados do Século XII, passando a dominar, no Século XIII, todo o comércio, desde Flandres e Inglaterra até a Rússia setentrional.

 

No final da Idade Média, com a intensificação do comércio, houve o enriquecimento de uma parcela dos mestres que passaram a adquirir o controle e a exclusividade das atividades artesanais. Os trabalhadores já não encontravam chances de prosperar economicamente, resignando-se a continuar empregados durante toda sua vida.

 

A crescente exploração da mão-de-obra assalariada possibilitou que muitos proprietários de oficinas capitalizassem recursos suficientes para deixarem de ser mestres e se tornarem exclusivamente empregadores burgueses. Tal situação significou uma nova realidade nas relações sociais e de trabalho




Imagem: Google.

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