Uma forma muito comum e não menos abominável de violação dos mais elementares direitos humanos, foi ao longo da História a Escravidão, definida hoje como a condição em que o trabalhador manual é considerado um instrumento de trabalho e propriedade daquele que o emprega.
Porem, a palavra “escravidão”
deriva do termo “slav” e se referia
aos prisioneiros eslavos (da região onde hoje está a Bósnia) transformados em
servos pelos Romanos e povos Bárbaros
As primeiras notícias oficiais a respeito de escravidão remontam à
Suméria (3.500 AC ),
quando os prisioneiros feitos nos campos de batalha se transformaram pela
primeira vez numa classe de trabalhadores forçados. Mas é bem possível que isso
tenha acontecido muito antes, ainda na Pré-História, época em que teve inicio a
disputa de territórios, fontes de alimentação, pelas tribos nômades.
A Escravidão é uma instituição que envolve um grau de
dominação e subordinação entre pessoas, abrangendo desde o direito do possuidor
sobre a vida e a morte do escravo, até dispositivos legais cuidadosamente
detalhados sobre aos direitos e privilégios mútuos. O elemento essencial do
acordo é o direito de forçar o escravo a trabalhar ou prestar outros serviços
em proveito do seu proprietário. Sem duvida, uma forma de violentar os direitos
e a dignidade da pessoa humana.
Em Roma
Como acontecia em todo o mundo antigo, a Escravidão era uma característica que a sociedade romana aceitava
naturalmente. Houve um tempo (mais ou menos 100 aC ) que a população de
Roma era na sua grande maioria constituída por escravos.
Embora o Direito Romano definisse que o escravo fosse legalmente, não
uma pessoa, mas uma coisa, servindo de instrumento para os objetivos do senhor,
a atitude dos romanos em relação à escravidão era prática. Os escravos não
tinham nenhum direito, mas os senhores reconheciam que um trabalhador bem
alimentado e relativamente satisfeito dava mais rendimento e tinha, portanto,
mais valor que um trabalhador descontente.
O combate à escravidão
Foi com advento do Cristianismo, com sua mensagem ressaltando a
dignidade da pessoa humana e a fraternidade universal que começou o lento
processo de combate à Escravidão.
Assim, já na Idade Média não se escravizava o prisioneiro de guerras. E,
na Europa, a escravidão só foi abolida
apos a Revolução Francesa, já nos inícios da Época Contemporânea, mas
continuava a ser praticada com intensidade nas regiões coloniais, com a
exploração do escravo negro. Em 1815, o Tratado de Viena proibiu o tráfico de
escravos, por interesses meramente econômicos, continuando, porém, a ser
exercido sob a forma de contrabando, nos países americanos. Nos Estados Unidos
da América a abolição foi feita por Lincoln, após a Guerra de Secessão e, no
Brasil em l888.
A Escravidão ainda aconteceu,
mais recentemente, em países muçulmanos, onde há demanda de concubinas e outros
empregados domésticos. O Século XX também testemunhou o reflorescimento da escravidão nas sociedades industriais
que sofreram revoluções totalitárias como, por exemplo, a Alemanha nazista.
Tanto que em l956, 33 membros da ONU (Organização das Nações Unidas) assinaram
uma convenção especial procurando corrigir situações de escravidão ainda existentes denunciadas
por uma Comissão Especial de Estudos. Isso
em l949.
Conclusão
A escravidão já foi totalmente
eliminada da vida da humanidade nos tempos atuais?
É difícil uma resposta totalmente afirmativa. É possível que a escravidão nos moldes clássicos já tenha
sito eliminada. Permanece, porém, as seqüelas de sua longa permanência, no caso
dos negros (como veremos mais adiante) ou de sua intensidade (no caso do
nazismo).
É necessário pensar, porém, nas formas diferenciadas e menos claras de escravidão que acontece na atualidade. É
o caso do capitalismo selvagem, que
escraviza em termos de consumismo
ou condena nações inteiras ao
subdesenvolvimento ou à exclusão,
como meras fornecedoras de produtos primários, como acontecem no Terceiro
Mundo.
É necessário pensar ainda, no caso das drogas, da degradação dos
valores, do desmantelamento da família, fatos que tornam o ser humano muito
enfraquecido e vulnerável as ações de grupos dominantes pouco perceptíveis.
A questão da cidadania e dos direitos humanos deve levar muito em conta
essas novas formas de escravização que ferem profundamente a dignidade da
pessoa humana.
A ESCRAVIDÃO NO MUNDO
Fonte FOLHA DE SÃO PAULO Ed. de 15 de Fevereiro de 1998
A ESCRAVIDÃO NO MUNDO
LEGENDAS:
01 - REPÚBLICA DOMINICANA
·
Haitianos são forçados a trabalhar
vigiados por guardas armados em plantações de cana
02 - Turquia
·
Prostituição forçada em bordéis
controlados pelo Estado
03 - CHINA
·
Até 20 milhões de pessoas, muitas
delas dissidentes e presos políticos, fazem trabalhos forçados em “campos de reforma pelo trabalho”.
04 - TAILÂNDIA
·
Prostituição forçada de mulheres e
crianças. Muitas são traficadas de Myanmá, Laos e China.
05 - HAITI
·
Crianças são separadas de seus pais
para trabalhar como empregadas domésticas
06 - PERU
·
Escravidão por endividamento da
etnia Ashaninka.
·
Crianças são escravizadas para
extrair ouro na região de Madre de Dios.
07 - BRASIL
·
Escravidão em exploração de madeira,
produção de carvão, extração de borracha.
·
Prostituição na Amazônia.
08 - MAURITÂNIA
·
Compra e venda de escravos.
·
Os nascidos na casta escravizada não
tem direitos políticos
09 - EMIRADOS ÁRABES
·
Crianças são traficadas do Sudeste
Asiático e da África para trabalhar como jóqueis de camelos
10 - ÍNDIA, NEPAL e PAQUISTÃO
·
Escravidão por endividamento na
agricultura e na indústria.
·
Crianças são escravizadas em vários
setores.
·
Tráfico de mulheres e crianças para
prostituição.
11 - MYANMA
·
Trabalho forçado em projetos de
desenvolvimento do governo.
12 - FILIPINAS
·
Endividamento de indígenas.
·
Prostituição infantil ligada à
indústria do turismo.
Imagem inicial:
Google.
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