A Inquisição Moderna
surgiu com toda a força na Espanha em 1478. Desta vez o alvo principal eram os
judeus e os cristãos-novos, como eram chamados os recém-convertidos ao
Catolicismo, acusados de continuarem praticando o Judaísmo secretamente.
Vale lembrar que os
judeus alem de seus rituais próprios e não aceitos pelos cristãos vivia em
condição econômica superior. Tanto que habitavam em bairros chamados, em
Portugal, de “Judarias” e, na
Espanha, “Aljamas” e que nas mais
belas e importantes áreas das cidades, diferentes dos insalubres e sórdidos
“guetos” da Europa.
“A justificativa do retorno da Inquisição era a necessidade
de fiscalizar a fidelidade desses convertidos” (Historiador Nachman Falbel – USP). A verdade é que esses grupos já
formavam uma poderosa burguesia urbana que atrapalhava os interesses da nobreza
e do alto clero. O apoio dos reis logo aumento o poder do Santo oficio, que,
para piorar, passou a considerar como heresia qualquer à fé e aos costumes. Por
exemplo: quem usasse toalhas limpas no começo do sábado ou não comesse carne de
porco era acusado de judaísmo. A lista de perseguidos também foi ampliada para
incluir os protestantes, muçulmanos, iluministas, homossexuais e bígamos.
As punições
tornaram-se bem mais pesadas com a instituição da morte na fogueira, da prisão
perpétua e do confisco de bens. Esta transformou a Inquisição numa atividade
altamente rentável para os cofres da Igreja. A crueldade dos inquisidores era
tamanha que o próprio papa chegou a pedir aos espanhóis que contivessem tal
violência.
A migração de judeus
expulsos da Espanha para Portugal, a partir de 1492, fez com que a perseguição
se repetisse com a criação do Santo Oficio lusitano, em 1536.
O Brasil nunca chegou
a ter um Tribunal desses, mas emissários da Inquisição aportaram por aqui entre
1591 e 1767. Calcula-se que 400 brasileiros foram condenados e 21 queimados em
Lisboa, para onde eram mandados os casos mais graves.
Os inquisidores
portugueses fizeram 40 mil vítimas, das quais 2 mil foram mortas na fogueira.
Na Espanha, até a extinção do Santo Oficio, em 1834, estima-se que quase 300
mil pessoas tenham sido condenadas e 30 mil executadas.
ASSIM FUNCIONAVA A
INQUISIÇAO MODERNA
O julgamento
Quando a Inquisição
atuava numa determinada região ou cidade, preliminarmente um grupo de padres
inquisidores chegava, reunia toda a população na Igreja e anunciava que estava
tendo inicio o Período da Graça, que durava um mês. Durante o qual os pecadores
estavam convidados a admitirem suas heresias. Quem se confessasse, em geral se
livrava de penas mais severas.
Quem não se
aproveitasse o Período da Graça poderia ser denunciado. Como a Inquisição
incentivava a delação, o pânico era generalizado: todos eram suspeitos em
potencial. O acusado era convidado a se defender no tribunal.
O suspeito era
interrogado por três inquisidores. Um deles, o inquisidor-mor, dava a sentença
final. A defesa era muito difícil, pois raramente o réu tinha direito a um
advogado. Para arrancar confissões, o Santo Oficio colocava espiões para
acompanhar o suspeito e, ainda, recorria a terríveis práticas de tortura.
As torturas
O Inquisidor-mor
variava a crueldade dos castigos conforme a heresia. Os mais leves incluíam
deixar o acusado acorrentado, sem comer nem dormir por vários dias. Mas os
relatos históricos registram outros bem mais dolorosos, como os aparelhos
chamados potro, e extensão. Para amedrontar os acusados, os carrascos faziam
uma demonstração de como funcionavam esses dispositivos. Para abafar os gritos,
era comum colocarem colchões nas portas.
O Potro
A historia registra o
depoimento de alguém que foi submetido a esse equipamento de tortura: “Prenderam-me com uma argola no pescoço,
um anel de ferro em cada pe´ oito cordas que passavam por furos no cadafalso.
Ao sinal dos inquisidores, elas foram puxadas e apertadas pelos carrascos. As
cordas entravam na carne até os ossos e faziam jorrar sangue. Repetiram a
tortura por quatro vezes. Perdi a consciência e fui levado de volta a minha
cela sem perceber”.
A extensão
Segue outro depoimento
da mesma pessoa, relatando sua experiência em outro equipamento de tortura, a
extensão: “As cordas puxadas por um
torniquete, faziam com que os punhos se aproximassem um do outro, por trás.
Puxaram tanto que as minhas mãos se tocaram. Desloquei os dois ombros e perdi
muito sangue pela boca. Repetiram três vezes o mesmo tormento antes de me
devolverem à cela“.
Esse personagem,
chamado Jean Coustos, líder de loja Maçônica de Lisboa, foi submetido a outras
formas de torturas até confessar. Foi condenado a quatro anos de trabalhos
forçados em 1744.
Torquemada, o mais
desumano inquisidor.
Fanático, cruel,
Intolerante. Nos registros históricos, não faltam adjetivos depreciativos para
definir o frei dominicano Tomás de Turquesada (1420/1498), o mais duro
inquisidor de todos os tempos. Organizador do Santo Oficio espanhol, ele era
confessor e conselheiro dos reis Fernando e Izabel. Em 1483, essa influencia
rendeu-lhe a nomeação de inquisidor-geral, responsável pelos 14 tribunais na
Espanha e suas colônias. Logo de cara, autorizou a tortura para obter
confissões, ampliou a lista de heresias e pressionou os reis a substituir a
tolerância religiosa pela perseguição aos judeus e aos conversos. Resultado: ao
final de sua gestão, mais de 70 mil judeus foram expulsos da Espanha e 2 mil
pessoas foram mortas na fogueira.
As sentenças
O auto-de-fé
Assim era chamada a
cerimônia pública em que se liam as sentenças do tribunal. Os autos-de-fé
geralmente ocorriam na praça central da cidade e eram grandes acontecimentos.
Quase sempre o rei estava presente. As punições iam das mais brandas (como a
ex-comunhão) às mais severas (como a prisão perpétua e a morte na fogueira).
A fogueira
A execução na fogueira
ficava a cargo do poder secular (justiça comum) Se o condenado renunciasse às
heresias ao pé do fogo, era devolvido aos inquisidores. Se sua conversão à fé
católica fosse verdadeira, até podia trocar a morte pela prisão perpétua.
Quando se descobria
que um defunto havia sido herético, seu cadáver era desenterrado e queimado.
Marcas da humilhação
Para serem vistos pelo
público, os prisioneiros subiam em um palco. Os que eram obrigados a vestir as
chamadas marcas da infâmia, como a cruz de Santo André, chegavam a ser
agredidos pela multidão. Outros levavam velas e vergastas nas mãos para serem
chicoteados pelo padre durante a missa.
Imagem:
Google.
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