A Marcha para o Oeste
Quem era o dono deste
imenso território, onde vagavam índios bisões e caçadores, e que posteriormente
se viu invadido por colonos aventureiros, ávidos de terras e metais preciosos?
O Oeste Americano era
uma área de fronteira dinâmica, não uma região especifica. Em meados do Século
XVIII, o termo Oeste significava a área entre os Montes Apalaches e a margem
leste do Rio Mississipi. As terras além desse rio eram reivindicadas pela
França, Espanha e Inglaterra. Cem anos depois. O oeste veio a indicar a região
alem do Rio Mississipi ate o Oceano Pacifico. Aos poucos esse território foi
incorporado aos Estados Unidos, através da compra e da conquista, como veremos
a seguir.
Quando os EUA se
libertaram da Inglaterra, os limites estendiam-se por 130 mil quilômetros
quadrados do litoral do Oceano Atlântico aos Montes Apalaches, incluindo-se
terras ocupadas pelos índios localizados entre os Apalaches e o Rio Mississipi.
Posteriormente, as compras da Luisiana (da França) em 1819, que permitiu o
acesso direto às Antilhas, a do território Dasden (do México), em 1853,
ampliaram as fronteiras norte-americanas em cerca de 8 milhões de Km2. Em
1867, a
formação do território foi completada com a compra do Alaska da
Rússia.
O oeste era uma terra
rica, onde se plantava o trigo, tinha muito animal de caça, cujas peles eram
comercializadas e favorecia a criação do gado. Os pioneiros (homens da
Fronteira) que o desbravavam, demarcando novos limites para o território dos
EUA, eram pessoas rudes, mas hospitaleiras. Defendiam a idéia de que todos
tinham direitos iguais, fossem eles ricos ou pobres.
Na Marcha para o
oeste, os colonos tiveram como obstáculo os constantes atritos com os índios,
que resistiam a ocupação de suas terras e a destruição de sua gente.
Diversos fatores
favoreceram a Marcha para o Oeste:
·
Grande afluxo de imigrantes europeus
que entre 1789 e 1812 registrou a chegada de 250 mil pessoas aos EUA, em sua
maioria irlandeses, alemães e ingleses;
·
A dificuldade de obter terras no
litoral atlântico, já ocupado desde o século XVII.
·
A crescente necessidade de produtos
agro-industriais para suprir o norte que se industrializava;
·
A intensa perseguição religiosa aos
mórmons nas cidades do leste;
·
Investimento de capitais ingleses na
construção de ferrovias que permitiam o escoamento da produção agrícola
comercial.
O México
“Pobre México, tão longe de Deus, tão
próximo dos Estados Unidos“.
(Lázaro Cárdenas, presidente
mexicano de 1934 a
1940).
A expansão para o Oeste
fez-se também a custa do México, que era um país fraco, pouco povoado e
sacudido pela anarquia interna, e cujas terras despertavam o interesse dos
plantadores sulistas, necessitados de novas áreas para o cultivo do algodão.
Progressivamente, os pioneiros ocupavam os territórios mexicanos do Texas,
intensificando-se os atritos com as autoridades locais. Em 1836, proclamou-se a
Republica Independente do Texas, mais tarde incorporada a união Americana.
Os EUA mantinham com o
México divergências sobre as linhas de fronteira do novo Estado, bem como
disputavam com a Inglaterra as fronteiras do Oregon. Com a Inglaterra, um pais
forte, resolveram pacificamente a questão. Com o México entravam em guerra
(1846-1848).
A guerra terminou com
a assinatura do tratado de Guadalupe-Hidalgo, obrigando o México a reconhecer a
reconhecer a perda do Texas e ceder aos EUA a área que corresponde hoje à
Califórnia, Nevada. Utah, Colorado, Arizona e Novo México.
Os EUA haviam tomado do México um
vasto território que lhes garantia o acesso direto ao Oceano Pacifico. Com isso
puderam chegar mais facilmente ao Extremo Oriente, abrindo o Japão ao comercio
internacional e se aproximando da China.
A Questão dos Índios
“Quanto mais conheço os índios, mais me convenço que eles têm que ser
mortos ou mantidos em estado de indigência”.
(General William
Sherman)
Depois de frustradas
tentativas de alguns missionários em converter os indígenas do oeste ao
cristianismo e dominá-los por vias pacíficas, os pioneiros utilizavam a
violência para expulsá-los de suas terras. A tenaz resistência dos
peles-vermelhas, exímios guerreiros, levou os brancos ao uso de artimanhas,
como a venda de bebidas alcoólicas e o massacre de tribos inteiras em
emboscadas e ataques surpresas durante a noite.
Com o aperfeiçoamento das armas de
fogo e a caça indiscriminada aos bisões, que supriam os índios de quase todas
as suas necessidades, os habitantes das planícies foram sendo pouco a pouco
empurrados para as reservas do Estado, onde muitos não resistiram às más
condições de vida e morreram, e outros fugiram, sendo igualmente massacrados
pelos brancos.
A população índia dos
EUA nunca foi superior a um milhão de habitantes e só dominou as pradarias, a
caça do bisão, depois que o colonizador espanhol introduziu o cavalo no
continente americano. O cavalo, porém, também levou as primeiras carroças de
pioneiros e com ele a condenação do índio que se viu despojado de suas terras e
humilhado em seu orgulho.
A importância do
bisão para o índio norte-americano
“Com as peles constroem suas tendas, com elas fazem suas roupas, com
elas ainda tecem cordas e também lã; os tendões, aproveitam-nos para fios com
que costuram as roupas e as tendas; os ossos servem para ferramentas; o esterco
para alimentar a fogueira, já que não há outro combustível naquelas regiões; as
bexigas, eles as usam como jarros e garrafas”. (anotações de Francisco Vasques Coronado, conquistador espanhol, em
1541).
Como foi dito, o fim
dos índios norte-americano foi decretado com a chegada da primeira carroça com
os primeiros colonos brancos.
As grandes batalhas,
muitas delas temas de grandes filmes produzidos em Hollywood, representam muito
pouco diante do processo lento e sistemático de destruição utilizado pelos
colonizadores, processo esse que levaram aos índios a fome, a doença, a
brutalidade, o alcoolismo, o desterro e o confinamento em reservas do Estado.
Assim, a guerra não
foi uma grande epopéia, mas sim uma operação militar de limpeza na qual milhões
de bisões foram extintos, as planícies se converteram em um grande deserto
poeirento e os índios, antes orgulhosos, tiveram que dobrar seu corpo e sua
moral.
Uma guerra de extermínio
Com a chegada dos
colonos, cada vez em maior número, crescendo, portanto, a pressão da
civilização branca desequilibrou-se o delicado ajustamento que as diferentes
tribos tinham conquistado ao longo do tempo. O mundo índio no Centro- Oeste era
artificial. Uma vez, contudo, que as tribos tinham mudado o seu padrão de vida,
com as compras de cavalos e armas, todo este universo de faz-de-conta precisava
ser mantido em movimento ou entraria em colapso. Cavalos tinham de ser roubados
para serem barganhados por armas que seriam usadas no roubo de mais cavalos.
E, com o fim da guerra
civil foi selada de vez a sorte dos índios, pois aumentou ainda mais o fluxo de
colonos brancos que rumavam para o Oeste. Tratados atrás de tratados foram
desrespeitados pelos brancos, que cruzavam em todas as direções as terras
Índias. A principio, os brancos decidiram isolar os índios em terras sem valor.
Cedo porem passaram a guerra de extermínio.
Para acabar com os
índios os brancos usaram a tática muito eficiente de exterminar as manadas de
bisões de que eles viviam. Não se punham em campo só para matar os animais:
davam ainda um jeito de conseguir que os índios colaborassem, oferecendo para
comprar vastas quantidades de finas iguarias, como língua de bisão.
O fim
Na década de 1870 as
tensões entre brancos e índios cresceram sem parar. Em 5 de julho de 1876, os
jornais do país davam conta das celebrações do centenário da independência dos
Estados Unidos, traziam também noticias de uma derrota humilhante. O corpo de
elite da Sétima Cavalaria, que não passava de um bando de 260 homens
arregimentados e treinados e disciplinados com um único e especifico propósito
de matar índios, sob o comando do Coronel George. Armenstrong Custer, tinha
sido aniquilado no dia 15 de Junho por uma força combinada de Soux e Chayene,
na batalha de Little Bighorn.
Mas para Sitting Bull
e Crazy Horse a vitória sobre Custer foi uma derrota e marcou o começo do fim
dos índios. A partir dali as tropas os perseguiam de nascente em nascente; suas
mulheres e crianças eram assassinadas em frente a seus olhos; seus acampamentos
e suas provisões queimados. Os sobreviventes eram tangidos como gado para as
reservas onde os maus tratos, o uísque barato, a fome, a doença e o frio
dizimavam-nos rapidamente.
A década de 1890 viu o
fim dos índios do centro-oeste. Eles procuravam num ultimo entusiasmo, se
proteger em torno de um messias que profetizava a ressurreição dos bravos
mortos e o desaparecimento dos brancos. Alarmado, o governo americano despachou
a cavalaria para liquidar este derradeiro foco – a Dança da Morte, como o
movimento ficou conhecido. Sitting Bull foi morto depois de preso. Trezentos
Sioux, principalmente mulheres e crianças, reuniram-se no riacho de Wounded
Knee, em Dakota do Sul para se renderem.
Lá mesmo foram massacradas pelas tropas para as quais se entregavam.
Quatrocentos tratados
tinham sido assinados e desrespeitados. Os índios compreenderam que estavam
simplesmente condenados a desaparecer do mapa. Tribo por tribo se levantaram
numa rebelião desesperada, mas tribo por tribo, foram esmagados. Finalmente, só
os apaches ainda lutavam, até que Gerônimo e seus 36 sobreviventes também se
renderam.
“Quando o último animal da terra se for, o homem sentirá um
profundo vazio na alma, pois saberá que o que aconteceu com os animais, em
breve acontecerá com ele mesmo". (De um chefe índio
americano)
Imagem: Google.
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