terça-feira, 28 de outubro de 2014

A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO AMERICANO


A Marcha para o Oeste

Quem era o dono deste imenso território, onde vagavam índios bisões e caçadores, e que posteriormente se viu invadido por colonos aventureiros, ávidos de terras e metais preciosos?

O Oeste Americano era uma área de fronteira dinâmica, não uma região especifica. Em meados do Século XVIII, o termo Oeste significava a área entre os Montes Apalaches e a margem leste do Rio Mississipi. As terras além desse rio eram reivindicadas pela França, Espanha e Inglaterra. Cem anos depois. O oeste veio a indicar a região alem do Rio Mississipi ate o Oceano Pacifico. Aos poucos esse território foi incorporado aos Estados Unidos, através da compra e da conquista, como veremos a seguir.

Quando os EUA se libertaram da Inglaterra, os limites estendiam-se por 130 mil quilômetros quadrados do litoral do Oceano Atlântico aos Montes Apalaches, incluindo-se terras ocupadas pelos índios localizados entre os Apalaches e o Rio Mississipi. Posteriormente, as compras da Luisiana (da França) em 1819, que permitiu o acesso direto às Antilhas, a do território Dasden (do México), em 1853, ampliaram as fronteiras norte-americanas em cerca de 8 milhões de Km2. Em 1867, a formação do território foi completada com a compra do Alaska da Rússia.

O oeste era uma terra rica, onde se plantava o trigo, tinha muito animal de caça, cujas peles eram comercializadas e favorecia a criação do gado. Os pioneiros (homens da Fronteira) que o desbravavam, demarcando novos limites para o território dos EUA, eram pessoas rudes, mas hospitaleiras. Defendiam a idéia de que todos tinham direitos iguais, fossem eles ricos ou pobres.

Na Marcha para o oeste, os colonos tiveram como obstáculo os constantes atritos com os índios, que resistiam a ocupação de suas terras e a destruição de sua gente.

Diversos fatores favoreceram a Marcha para o Oeste:
·        Grande afluxo de imigrantes europeus que entre 1789 e 1812 registrou a chegada de 250 mil pessoas aos EUA, em sua maioria irlandeses, alemães e ingleses;
·        A dificuldade de obter terras no litoral atlântico, já ocupado desde o século XVII.
·        A crescente necessidade de produtos agro-industriais para suprir o norte que se industrializava;
·        A intensa perseguição religiosa aos mórmons nas cidades do leste;
·        Investimento de capitais ingleses na construção de ferrovias que permitiam o escoamento da produção agrícola comercial.

O México

“Pobre México, tão longe de Deus, tão próximo dos Estados Unidos“.

(Lázaro Cárdenas, presidente mexicano de 1934 a 1940).

A expansão para o Oeste fez-se também a custa do México, que era um país fraco, pouco povoado e sacudido pela anarquia interna, e cujas terras despertavam o interesse dos plantadores sulistas, necessitados de novas áreas para o cultivo do algodão. Progressivamente, os pioneiros ocupavam os territórios mexicanos do Texas, intensificando-se os atritos com as autoridades locais. Em 1836, proclamou-se a Republica Independente do Texas, mais tarde incorporada a união Americana.

Os EUA mantinham com o México divergências sobre as linhas de fronteira do novo Estado, bem como disputavam com a Inglaterra as fronteiras do Oregon. Com a Inglaterra, um pais forte, resolveram pacificamente a questão. Com o México entravam em guerra (1846-1848).

A guerra terminou com a assinatura do tratado de Guadalupe-Hidalgo, obrigando o México a reconhecer a reconhecer a perda do Texas e ceder aos EUA a área que corresponde hoje à Califórnia, Nevada. Utah, Colorado, Arizona e Novo México.

Os EUA haviam tomado do México um vasto território que lhes garantia o acesso direto ao Oceano Pacifico. Com isso puderam chegar mais facilmente ao Extremo Oriente, abrindo o Japão ao comercio internacional e se aproximando da China.

A Questão dos Índios

“Quanto mais conheço os índios, mais me convenço que eles têm que ser mortos ou mantidos em estado de indigência”.

(General William Sherman)

Depois de frustradas tentativas de alguns missionários em converter os indígenas do oeste ao cristianismo e dominá-los por vias pacíficas, os pioneiros utilizavam a violência para expulsá-los de suas terras. A tenaz resistência dos peles-vermelhas, exímios guerreiros, levou os brancos ao uso de artimanhas, como a venda de bebidas alcoólicas e o massacre de tribos inteiras em emboscadas e ataques surpresas durante a noite.

Com o aperfeiçoamento das armas de fogo e a caça indiscriminada aos bisões, que supriam os índios de quase todas as suas necessidades, os habitantes das planícies foram sendo pouco a pouco empurrados para as reservas do Estado, onde muitos não resistiram às más condições de vida e morreram, e outros fugiram, sendo igualmente massacrados pelos brancos.

A população índia dos EUA nunca foi superior a um milhão de habitantes e só dominou as pradarias, a caça do bisão, depois que o colonizador espanhol introduziu o cavalo no continente americano. O cavalo, porém, também levou as primeiras carroças de pioneiros e com ele a condenação do índio que se viu despojado de suas terras e humilhado em seu orgulho.

A importância do bisão para o índio norte-americano


“Com as peles constroem suas tendas, com elas fazem suas roupas, com elas ainda tecem cordas e também lã; os tendões, aproveitam-nos para fios com que costuram as roupas e as tendas; os ossos servem para ferramentas; o esterco para alimentar a fogueira, já que não há outro combustível naquelas regiões; as bexigas, eles as usam como jarros e garrafas”. (anotações de Francisco Vasques Coronado, conquistador espanhol, em 1541).

Como foi dito, o fim dos índios norte-americano foi decretado com a chegada da primeira carroça com os primeiros colonos brancos.

As grandes batalhas, muitas delas temas de grandes filmes produzidos em Hollywood, representam muito pouco diante do processo lento e sistemático de destruição utilizado pelos colonizadores, processo esse que levaram aos índios a fome, a doença, a brutalidade, o alcoolismo, o desterro e o confinamento em reservas do Estado.

Assim, a guerra não foi uma grande epopéia, mas sim uma operação militar de limpeza na qual milhões de bisões foram extintos, as planícies se converteram em um grande deserto poeirento e os índios, antes orgulhosos, tiveram que dobrar seu corpo e sua moral.

Uma guerra de extermínio

Com a chegada dos colonos, cada vez em maior número, crescendo, portanto, a pressão da civilização branca desequilibrou-se o delicado ajustamento que as diferentes tribos tinham conquistado ao longo do tempo. O mundo índio no Centro- Oeste era artificial. Uma vez, contudo, que as tribos tinham mudado o seu padrão de vida, com as compras de cavalos e armas, todo este universo de faz-de-conta precisava ser mantido em movimento ou entraria em colapso. Cavalos tinham de ser roubados para serem barganhados por armas que seriam usadas no roubo de mais cavalos.
                                                                                 
E, com o fim da guerra civil foi selada de vez a sorte dos índios, pois aumentou ainda mais o fluxo de colonos brancos que rumavam para o Oeste. Tratados atrás de tratados foram desrespeitados pelos brancos, que cruzavam em todas as direções as terras Índias. A principio, os brancos decidiram isolar os índios em terras sem valor. Cedo porem passaram a guerra de extermínio.

Para acabar com os índios os brancos usaram a tática muito eficiente de exterminar as manadas de bisões de que eles viviam. Não se punham em campo só para matar os animais: davam ainda um jeito de conseguir que os índios colaborassem, oferecendo para comprar vastas quantidades de finas iguarias, como língua de bisão.

O fim


Na década de 1870 as tensões entre brancos e índios cresceram sem parar. Em 5 de julho de 1876, os jornais do país davam conta das celebrações do centenário da independência dos Estados Unidos, traziam também noticias de uma derrota humilhante. O corpo de elite da Sétima Cavalaria, que não passava de um bando de 260 homens arregimentados e treinados e disciplinados com um único e especifico propósito de matar índios, sob o comando do Coronel George. Armenstrong Custer, tinha sido aniquilado no dia 15 de Junho por uma força combinada de Soux e Chayene, na batalha de Little Bighorn.

Mas para Sitting Bull e Crazy Horse a vitória sobre Custer foi uma derrota e marcou o começo do fim dos índios. A partir dali as tropas os perseguiam de nascente em nascente; suas mulheres e crianças eram assassinadas em frente a seus olhos; seus acampamentos e suas provisões queimados. Os sobreviventes eram tangidos como gado para as reservas onde os maus tratos, o uísque barato, a fome, a doença e o frio dizimavam-nos rapidamente.

A década de 1890 viu o fim dos índios do centro-oeste. Eles procuravam num ultimo entusiasmo, se proteger em torno de um messias que profetizava a ressurreição dos bravos mortos e o desaparecimento dos brancos. Alarmado, o governo americano despachou a cavalaria para liquidar este derradeiro foco – a Dança da Morte, como o movimento ficou conhecido. Sitting Bull foi morto depois de preso. Trezentos Sioux, principalmente mulheres e crianças, reuniram-se no riacho de Wounded Knee, em Dakota do Sul para se renderem.  Lá mesmo foram massacradas pelas tropas para as quais se entregavam.

Quatrocentos tratados tinham sido assinados e desrespeitados. Os índios compreenderam que estavam simplesmente condenados a desaparecer do mapa. Tribo por tribo se levantaram numa rebelião desesperada, mas tribo por tribo, foram esmagados. Finalmente, só os apaches ainda lutavam, até que Gerônimo e seus 36 sobreviventes também se renderam.

“Quando o último animal da terra se for, o homem sentirá um profundo vazio na alma, pois saberá que o que aconteceu com os animais, em breve acontecerá com ele mesmo". (De um chefe índio americano)




Imagem: Google.

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