Uma vez instalada a revolução que implantou o socialismo na Rússia
(1917), a partir do ano seguinte, seus líderes, os bolcheviques, estabeleceram medidas radicais, chamadas comunismo de guerra, tais como:
·O confisco sumário das grandes propriedades
fundiárias, sem indenização;
· A regulamentação do consumo e da
produção;
·A expropriação das grandes
industrias e da maioria das pequenas empresas;
· A obrigatoriedade de os camponeses
entregarem ao governo a colheita de cereais, com exceção da parte destinada a
consumo próprio.
Tais medidas produziram o colapso da economia russa, que regrediu a
níveis inferiores aos de antes da Primeira Guerra. Por outro lado, a ocupação
desordenada das fábricas, o trabalho obrigatório, a especulação com os gêneros
de primeira necessidade feita pelos kulacks
(camponeses ricos) e resistência dos
camponeses a entregar parte de suas colheitas ao Estado, numa época de crise e
muita fome, geraram greves e insurreições, como a dos marinheiros da base naval
de Kronstadt, em março de 1921.
Na tentativa de resolver esses problemas, tão logo o Exército Vermelho
pôs fim à guerra civil, o governo de Lênin criou, em fevereiro de 1921, uma
comissão estatal de planejamento econômico (Gosplan), para coordenar a
reorganização da economia. Assim, em março desse mesmo ano, foi adotada a Nova
Política Econômica (NEP). Com ela abria-se espaço para alguns empreendimentos
de iniciativa particular que, em colaboração com empresas estatais, deveriam
promover o reerguimento econômico do país.
Entre as medidas que compunham a NEP, destacavam-se as seguintes:
· O governo procurou atrair capitais
estrangeiros, que foram canalizados para o desenvolvimento da industria de
base;
· A agricultura e o comercio foram
organizadas através de cooperativas;
· Foi restabelecida a liberdade de
comércio interno;
· Foram autorizadas as diferenças
salariais;
Essas medidas permitiram a Rússia retomar rapidamente o crescimento
econômico; atingindo altos níveis de produtividade, até serem suplantadas pelos
planos qüinqüenais adotados posteriormente, durante o governo de Stálin.
Politicamente, fundou-se em dezembro de 1922 a União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS), composta pela Rússia, pela Transcaucásia, pela
Ucrânia e pela Rússia Branca, com as adesões posteriores do Usbequistão, do
Turquemenistão e do Tadiquistão. Em Julho de 1923 foi promulgada a nova
Constituição, ratificada seis meses depois pelo Congresso, que definia os
poderes da união, estabelecendo como órgão mais importante o Soviet
Supremo, composto por delegados de todas as Repúblicas, encarregados da
escolha do Conselho Executivo.
O governo de Stálin e os planos quinquenais
Com a morte de Lênin em 1924, o poder passou a ser disputado por dois
dos principais líderes da revolução: Stálin, o Secretário Geral do Partido
Comunista, e Tróstski, o Comissário do Povo para a Guerra.
Mais que uma disputa pessoal, esta era uma luta de duas facções opostas:
· A stalinista, que pretendia limitar
a revolução socialista apenas à União Soviética, a fim de poder consolidá-la,
· A trotskista, que defendia a
propagação da revolução socialista pelo mundo.
Aproveitando-se do fato de Tróstski estar doente, e assim
momentaneamente incapacitado para lutar por seus ideais, Stálin destituiu-o do
cargo de Comissário em 1925, isolando-o cada vez mais, até conseguir expulsá-lo
do partido em 1927 e da união Soviética em 1929. Trótski refugiou-se no México,
onde foi assassinado em 1940.
Controlando a burocracia do partido e do Estado a seu favor, Stálin foi
aos poucos afastando todos os seus opositores até se tornar ditador absoluto em
1929. Durante seu governo foi realizada uma planificação geral da economia,
através dos planos quinquenais, que
objetivavam a criação de uma industria pesada e a coletivização e mecanização
da agricultura. A reforma agrária afetou três quintos das áreas de exploração
agrícola, fez desaparecer os kulacs e criou os kolkhozes (cooperativas
coletivas, cujos membros são proprietários da produção, mas não da terra) e os
sovkhozes (granjas socializadas, cuja produção, maquinaria e terras pertencem
ao Estado).
Isolada do resto do continente, a primeira nação socialista do mundo
teve de se voltar para dentro de seus vastos territórios à procura de recursos
minerais, encontrados nas jazidas de carvão e ferro dos Urais, Sibéria e Ásia
Central e na exploração do petróleo. Para conseguir sua autosuficiência
industrial, a produção de bens de consumo foi restringida e houve uma grande
ampliação da rede de energia elétrica, com a construção de várias
hidrelétricas.
Esses planos, acompanhados por uma política cultural de erradicação do
analfabetismo e de implantação do ensino técnico, permitiram que a União
Soviética se recuperasse do atraso técnico do Império Russo e conseguisse
rapidamente o mesmo nível de desenvolvimento industrial dos países mais
avançados.
Em 1936, Stálin outorgou uma nova Constituição, seguida por uma intensa
onda de expurgos que afastou do poder os remanescentes revolucionários de 1917
e confirmou seu poder totalitário. Iniciou-se, então, um período de terror
permanente, com expurgos maciços e repetidos, que atingiram um grande número de
membros do partido, da administração e do exército. Milhares de pessoas foram
mortas ou enviadas a campos de trabalho forçado. Com a extrema centralização do
poder e o aumento do controle burocrático e policialesco sobre sobre a
população soviética, Stálin instaurou o culto de sua personalidade,
transformando a ditadura do proletariado em ditadura pessoal.
A Coletivização
Voltando à questão agrícola, o
primeiro plano qüinqüenal incluía um programa de coletivização agrícola que
visava a consolidar as propriedades rurais em unidades maiores, de milhares de
hectares, dentro do regime de propriedade comunal dos camponeses. Só com esse
tipo de reorganização, declaravam os líderes russos, seria possível introduzir
os novos e dispendiosos processos de mecanização, para elevar a produção
agrícola do país. Era natural que o argumento não conseguisse obter o apoio dos
fazendeiros mais prósperos (Kulacks),
que tinham recebido permissão de conservar a propriedade de suas terras,
apesar da revolução. Essa oposição provocou um novo período de Terror, tornado
ainda mais impiedoso, por uma fome ocorrida no sudeste da Rússia em 1932. Os
kulacks foram liquidados, quer pela morte, quer pelo transporte para distantes
campos de trabalhos forçados. Ou seja, a burguesia rural foi eliminada, a fim
de ser substituída por um proletariado rural. Em 1939 a coletivização era
fato consumado. Para um vasto número de russos, ela representou uma revolução
muito mais imediata que a de 1917. Cerca de vinte milhões de pessoas foram
retiradas das terras, que, tão logo reorganizadas em unidades maiores e
mecanizada a produção, exigiam menos trabalhadores. Foram mandados para as
cidades, onde a maioria passou a trabalhar em fábricas. A produção agrícola não
aumentou durante os primeiros anos da coletivização. Não obstante, o plano foi
benéfico para o governo. Através do controle da produção, a burocracia central
pode regular a distribuição dos produtos agrícolas, destinando-os à exportação,
onde necessário, a fim de pagar a importação de máquinas industriais, de
extrema necessidade.
Concluindo
A coletivização da economia e como
conseqüência a coletivização da terra teria como objetivo fundamental a
garantia da igualdade social do povo russo. Como pudemos observar esse objetivo
não foi atingido. As razões são várias:
1) A própria metodologia utilizada
pelos dirigentes mostrou-se incapaz, uma vez que com o uso da força, um contingente
muito grande pessoas, milhares ou até milhões, que seriam as primeiras
beneficiárias, ficaram sem as suas terras e, portanto, fora do processo.
2) Não houve uma conscientização
popular nesse sentido, decorrendo-se daí que não houve uma adesão espontânea ao
processo, perdendo-se com isso a sua qualidade quanto ideia, porque houve
necessidade do uso da força: expropriações, expulsões, prisões e envios a
campos de trabalhos forçados.
3) A própria evolução histórica
provou que o socialismo não se consolidou na prática. A economia soviética teve
altos e baixos, alternando-se períodos de crescimento com períodos de crise, e
muito menos atingiu seu objetivo geral e final que era de garantir ao povo a
igualdade social.
Imagem: Google.
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